Há 30 anos, o Brasil enfrentava um verdadeiro dragão: a inflação. Essa figura mitológica representava o aumento excessivo dos preços, uma preocupação constante para os brasileiros. A situação era tão crítica que, entre 1986 e 1994, seis planos econômicos fracassaram, e a inflação anual chegou a quase 2.500% em 1993, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em 1º de julho de 1994, surgiu o Plano Real, com o objetivo de domar a inflação e garantir a tão desejada estabilidade econômica.
Antes do Plano Real, o Brasil vivia um período de alta inflação, com 40% ao mês na véspera do Real, chegando a 80% no final do governo Sarney (1985-1990). “Quando a inflação é tão alta, o poder aquisitivo dos assalariados é gravemente afetado”, explica Mauro Rochlin, coordenador do MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da FGV.
Após diversos planos econômicos fracassados, o Plano Real alcançou seu objetivo. “O poder de compra dos brasileiros melhorou, permitindo o acesso ao crédito e o aumento do consumo. Houve criação de empregos, aumentando a capacidade de compra das famílias. Os brasileiros podiam se planejar para suas compras e adquirir bens”, avalia o economista Rica Mello.
A introdução do Real foi um divisor de águas no consumo dos brasileiros. Com uma nota de R$ 1, que hoje já saiu de circulação, era possível comprar, por exemplo, 10 pãezinhos (R$ 0,10 cada) ou encher o tanque do carro pagando apenas R$ 0,55 pelo litro da gasolina.
“Os 30 anos do Real refletem não apenas uma mudança na moeda, mas também significativas transformações na economia do país, incluindo desafios persistentes com a inflação e a complexidade de manter a estabilidade econômica ao longo do tempo”, observa Frederico Avril, sócio fundador da Septem Capital.
Desde então, muita coisa mudou. Apesar das crises econômicas globais e internas, a inflação se manteve abaixo dos níveis anteriores ao Plano Real, preservando parte do poder de compra dos brasileiros. “Observamos o crescimento da classe média, com aumento no consumo e no acesso a bens duráveis”, comenta Mello.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, destaca que desde julho de 1994, quando o Real se tornou a moeda oficial, a inflação ao consumidor acumulou 656%, enquanto o salário-mínimo teve um reajuste de 1.917%.
Para ilustrar, em 1994, o salário-mínimo era de R$ 70. Hoje, é de R$ 1.412. Isso significa que o ganho mínimo dos trabalhadores aumentou 20 vezes, enquanto o preço do pãozinho de 50 gramas e do litro da gasolina subiram 10 vezes, de R$ 0,10 para cerca de R$ 1, e de R$ 0,55 para R$ 5,80, respectivamente.
“O poder aquisitivo não diminuiu porque os dissídios salariais garantem a recuperação das perdas e até ganhos. O salário-mínimo atual é muito superior ao de 30 anos atrás”, ressalta o professor, destacando a importância de considerar valores relativos, não absolutos, na comparação de preços.
“O Plano Real foi um marco na estabilização econômica do Brasil. A inflação acumulada ao longo dos últimos 30 anos demonstra os desafios contínuos na manutenção do poder de compra. Comparar os preços de 1994 e 2024 revela a magnitude dessas mudanças e a importância de políticas econômicas eficazes para proteger o poder de compra dos brasileiros”, conclui Thamiris Abdala, CEO da Holding SM.
Fontes: Valores de 1994 retirados de encartes de jornais da época e valores de 2024 retirados do site do Carrefour, Pão de Açúcar e Petrobras.
Esta tabela mostra como os preços desses produtos variaram ao longo dos anos, refletindo as mudanças na economia brasileira desde a implementação do Plano Real em 1994.
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